Segundo o Doutor em Saúde Coletiva pela UFMG, Paulo Henrique Silva Maia, a violência nas creches é uma realidade preocupante que tem gerado impactos profundos na sociedade, especialmente entre as mulheres que tentam conciliar maternidade e carreira. O medo de deixar os filhos sob os cuidados de instituições que deveriam oferecer proteção e desenvolvimento pode levar muitas mães a abandonar ou postergar sua inserção no mercado de trabalho formal.
Casos de negligência, agressões físicas, psicológicas e omissões em unidades de educação infantil não apenas ferem os direitos das crianças, como abalam a confiança das famílias no sistema educacional. Esse medo constante tem consequências econômicas, sociais e emocionais que afetam diretamente o desenvolvimento das mulheres e o crescimento do país.
O impacto da violência nas creches sobre a vida das mães
A decisão de matricular uma criança em uma creche deveria ser um passo seguro e libertador para muitas mulheres. No entanto, quando há dúvidas sobre a integridade física e emocional dos filhos, esse processo se transforma em um dilema angustiante. Muitas mães, diante da insegurança, optam por deixar o mercado de trabalho ou recusam oportunidades profissionais.
De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, essa retirada precoce das mulheres do ambiente profissional representa, além de perdas financeiras individuais e/ou coletivas (tendo em vista o ambiente familiar), um recuo na luta por equidade de gênero e participação feminina em cargos de liderança. O medo da violência nas creches impede a autonomia materna e compromete projetos de vida.
A violência nas creches como questão de saúde pública
Mais do que um problema pontual, a violência nas creches deve ser tratada como uma questão de saúde pública. Os traumas vivenciados pelas crianças podem afetar seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social, impactando a saúde mental ao longo da vida. Ao mesmo tempo, as mães que vivem sob constante estado de alerta também sofrem com estresse, ansiedade e sentimentos de culpa.
Segundo Paulo Henrique Silva Maia, a proteção à infância é um dos pilares fundamentais para a promoção da saúde coletiva. Isso inclui a garantia de ambientes educacionais seguros, acolhedores e bem estruturados, com profissionais capacitados e políticas de prevenção à violência institucional. Ignorar essa demanda é comprometer o futuro de milhares de famílias brasileiras.

Confiança, acolhimento e prevenção: caminhos para superar o medo
A reconstrução da confiança nas creches passa pela adoção de práticas transparentes e pelo fortalecimento dos mecanismos de fiscalização, o que envolve a presença de câmeras, canais acessíveis de denúncia, formação contínua das equipes pedagógicas e escuta ativa das famílias. A participação da comunidade escolar é essencial para criar um ambiente realmente seguro.
Conforme destaca Paulo Henrique Silva Maia, é preciso compreender que o cuidado na primeira infância não é apenas uma responsabilidade técnica, mas também relacional. A empatia, o vínculo e o respeito devem nortear todas as interações dentro da creche. Programas de prevenção à violência e incentivo à cultura do cuidado são investimentos fundamentais nesse processo.
Consequências sociais da evasão materna do trabalho
Quando as mães deixam de trabalhar por falta de confiança nas creches, os reflexos são sentidos em diversas esferas. Há uma perda de mão de obra qualificada, redução da renda familiar, aumento da dependência econômica e ampliação das desigualdades sociais. Esse ciclo perpetua a exclusão feminina no mercado e dificulta o avanço da equidade.
De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, a violência nas creches não pode ser tratada como um problema isolado da educação. Ela impacta diretamente o desenvolvimento econômico, as políticas de inclusão e a sustentabilidade social. Garantir que mães possam confiar nas instituições de ensino infantil é uma condição básica para uma sociedade mais justa e produtiva.
Um compromisso coletivo pela infância e pelas mulheres
Enfrentar a violência nas creches exige o envolvimento de toda a sociedade: poder público, instituições educacionais, profissionais da área, famílias e organizações civis. Somente com uma mobilização ampla será possível transformar o medo em confiança e garantir que as mães possam exercer sua cidadania com segurança, liberdade e dignidade.
Paulo Henrique Silva Maia reforça que investir na qualidade das creches é investir no futuro do país. Cuidar da infância é também cuidar das mulheres que sustentam, educam e transformam suas famílias todos os dias. O combate à violência nas creches é uma urgência ética, social e econômica que não pode mais ser adiada.
Autor: Plimp Malvern