O GPS está presente em atividades diárias, como chamar um Uber ou dar match em um aplicativo de relacionamentos. Muitos desconhecem o fato de que a figura que está por trás dessa descoberta é uma mulher negra americana. Gladys Mae West, de 93 anos, é a matemática e programadora de computadores, responsável pela criação do sistema de posicionamento global.
Gladys foi professora por um breve tempo no Condado de Sussex após a graduação, antes de prosseguir para o mestrado. Foi a segunda mulher negra contratada pelo Campo de Provas Naval da Virginia, da Marinha dos EUA, em 1956. Nessa época, o país enfrentava uma batalha contra a segregação racial e por direitos civis. Apenas 10 anos depois, em 1964, foi assinada a Lei dos Direitos Civis, que deu fim a legalização do sistema de dominação racial nos EUA.
Na década de 1980, West alcançou seu maior feito ao especializar-se em sistemas de larga escala para computadores e processamento de dados, visando a análise das informações coletadas por satélites. Segundo o astrofísico e pesquisador Ethan Siegel, na época, ela programou o computador que calculava o geóide da Terra (a forma do planeta) com precisões capazes de permitir a existência do GPS.
West também redigiu um guia sobre como aprimorar a precisão dos estudos baseados nas informações fornecidas por satélites acerca da forma e dimensão da Terra, antecipando os avanços que as futuras gerações alcançariam.
Depois de se aposentar em 1998, após 42 anos de carreira na base naval, retomou seus estudos. Aos 70 anos de idade, concluiu seu doutorado em Administração Pública e Política. Somente em 2018, aos 88 anos, foi homenageada ao ser incluída no Hall da Fama dos Pioneiros do Espaço e Mísseis da Força Aérea dos Estados Unidos, em reconhecimento aos resultados de sua dedicação.
Durante uma entrevista para o The Guardian no final de 2020, a programadora revelou que a ciência foi seu passaporte para a liberdade. Em um período no qual segregação racial nos Estados Unidos estava amparada numa decisão da Suprema Corte, West sobrevoou o sistema racista:
“Senti orgulho de mim mesma como mulher, sabendo o que posso fazer. Mas, como mulher negra, isso é outro nível em que você tem que se provar para uma sociedade que não te aceita pelo que você é. O que fiz foi continuar tentando provar que era tão boa quanto você [pessoa branca]. Não há diferença no trabalho que podemos fazer” concluiu Gladys Mae West na entrevista.